A qualidade do seu streaming poderá diminuir – tudo culpa do coronavírus

O Brasil bateu recorde em volume de dados na internet: foram 10 terabits por segundo (Tb/s) nas noites de 18 e 19 de março (um terabit, vale dizer, equivale a 1.000 gigabits) desse ano. O motivo é simples: com mais gente dentro de casa devido ao surto de coronavírus, é natural que o tráfego aumentasse. Parte das escolas e universidades que fecharam as portas adotou o ensino à distância; quem não pode ir ao escritório faz home office e por aí vai.

Mas há um outro fator que pesa na conta: vídeos, uma parte substancial do consumo de dados (se você sofre para assistir a algo no YouTube com o 3G do celular, sabe do que estamos falando). Com opções de lazer restritas, muita gente anda recorrendo ao streaming como forma de passar o tempo durante a quarentena. “As pessoas, com certeza, estão assistindo muito mais a Netflix”, disse o presidente da empresa, Ted Sarantos, em uma entrevista à CNN.

Na última sexta (20), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) firmou um compromisso público com as empresas do setor para que os serviços não se alterem durante esse período – mesmo que o consumo de internet tenha aumentado significativamente.

E, de fato, aumentou. O padrão de consumo diário tem se assemelhado ao de um domingo, segundo o portal G1: cresce de manhã, mantém-se constante à tarde e tem um pico à noite.

Caso alguma empresa descumpra o acordo com a Anatel, a agência poderá puni-la com multas diárias. Além disso, em lugares do Brasil em que o deslocamento de pessoas for restringido, os prazos para pagamento de contas deverão ser flexibilizados.

Em outros países, o consumo também aumentou: de 10% a 20%, em lugares como Alemanha e Reino Unido, até 40% no caso da Itália, o mais afetado pela Covid-19. Isso motivou plataformas de streaming a diminuir a qualidade de reprodução dos seus vídeos na Europa.

Veja abaixo as medidas tomadas por cada uma delas por lá – e que podem vir a ser adotadas no Brasil.

Netflix

A plataforma de streaming vai diminuir em 25% a taxa de bits no continente europeu. O anúncio foi feito na última quinta (19) após um pedido do chefe da indústria da União Europeia, Thierry Breton, para que os serviços de streaming diminuíssem a qualidade dos seus vídeos para evitar a sobrecarga de internet.

A medida vale pelos próximos 30 dias, no mínimo. No Brasil, ainda não há nada certo que a qualidade também será afetada. De acordo com a empresa, ela continuará trabalhando com provedores de serviços de Internet e governos de todo o mundo, e aplicará mudanças conforme necessário.

Em função dos impactos da epidemia na indústria do entretenimento, a Netflix criará também um fundo de US$ 100 milhões para o setor. Estima-se que 120 mil pessoas que trabalhavam com audiovisual nos EUA tenham perdido seus empregos.

YouTube

Breton também conversou com Sundar Pichai, CEO da Alphabet (dona do YouTube e do Google), e com Susan Wojcicki, a presidente-executiva do YouTube. Na última sexta (20), eles acordaram em diminuir a qualidade do streaming da plataforma.

Além da UE, a medida também se estende para o Reino Unido. Assim como a Netflix, a redução valerá inicialmente por 30 dias. Por ora, ainda não há confirmação para o Brasil.

Globoplay

A plataforma foi a primeira a anunciar uma redução da qualidade de transmissão aqui no Brasil. A limitação entrou em vigor nesta segunda (23) e vale também para os outros serviços de vídeos da Globo.

Vai funcionar assim: a maior resolução disponível será a de 720p, tanto para transmissões ao vivo quanto para conteúdos on demand. Outros modos, como 4K e Full HD (1080p) serão temporariamente desativados.

Com isso, espera-se reduzir o volume de dados em até 52%. Um capítulo de novela de 60 minutos, que consumiria 2,5 Gb normalmente, vai consumir, agora, 1,2 Gb. A medida, ressalta o serviço, interfere apenas no tráfego, e não em um limite de vídeos ou horas de consumo para cada usuário.

Amazon Prime Video

A Amazon, junto com a Apple, foram as últimas plataformas de streaming a adotar as medidas de redução na Europa, de acordo com a revista Variety. A empresa disse que o continente europeu é o único lugar em que isso está acontecendo, mas que está monitorando o tráfego de internet em outros lugares também.

Facebook Comments